As mulheres têm conquistado espaço em diferentes setores sociais que historicamente lhes foram negados pelo patriarcado. No entanto, essas vitórias são fruto de grandes lutas e da resistência do movimento feminista, que possibilitaram a presença feminina em áreas como o trabalho, a educação, a política e muitos outros campos. Apesar desses avanços, as mulheres ainda enfrentam significativas dificuldades em seus ambientes de trabalho. Esse tratamento desigual está frequentemente relacionado ao gênero, uma vez que a sociedade patriarcal historicamente atribuiu os papéis domésticos — como o cuidado com a casa, a família e a maternidade — exclusivamente às mulheres. Esses fatores, ao serem considerados no contexto da profissão docente universitária, dificultam a conciliação entre carreira e responsabilidades pessoais, além da ascensão a cargos de maior nível hierárquico. Neste cenário, a presente pesquisa se configura como uma dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, na linha de pesquisa Processos Sociais, Ambientais e Relação de Poder. Em virtude disso, a problemática que norteia a investigação visa responder: Em que medida a condição feminina e as experiências docentes de mulheres pesquisadoras são reveladoras dos processos de construção e consolidação de carreiras femininas no âmbito da Universidade Federal do Amazonas, campus Manaus? A pesquisa busca explorar questões relacionadas à experiência feminina na graduação e na pós-graduação, desafios e dificuldades ao longo da carreira, competitividade na pesquisa, experiências de maternidade e conciliação da vida privada com as exigências da vida profissional. O objetivo geral do estudo é analisar a condição feminina e as experiências de mulheres pesquisadoras na UFAM, campus Manaus. A fundamentação teórica da pesquisa destaca a interdisciplinaridade do estudo, incorporando aspectos da educação, além de diálogos com a antropologia, a história e a sociologia, que se entrelaçam na temática feminina. Em relação ao percurso metodológico, a pesquisa utiliza o método do materialismo histórico dialético e as abordagens quantitativa e qualitativa, baseando-se em um questionário online semiaberto, com questões abertas e fechadas. Vinte e cinco (25) mulheres docentes, atuantes em diferentes áreas do conhecimento na UFAM, participaram do estudo. A análise dos dados, por meio de análise de conteúdo, gráficos e tabelas, revela relatos sobre trajetórias, dificuldades, desigualdades e responsabilidades familiares. Os resultados indicam que as relações sociais ainda perpetuam heranças coloniais que geram diferenças entre homens e mulheres no ambiente universitário e científico. Isso evidencia que a condição feminina continua marcada por grandes desigualdades, uma vez que os preceitos ainda seguem padrões masculinos, o que dificulta a ascensão feminina na mesma medida que os homens, que têm mais tempo livre para se dedicar exclusivamente às suas carreiras, uma vez que não estão vinculados as obrigações domesticas e cuidado dos filhos.
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